Reflexões sobre o Mito e Fantasia em Tolkien – Tiago Barreira

O que mais me agrada em autores do século XX, como Tolkien, é a revalorização do mito e da épica no mundo contemporâneo. Revalorizar o mito épico e a narrativa de fantasia nos dias atuais não é um retorno ao irracionalismo, nem a uma espécie de ingenuidade infantil. Trata-se, sim, de uma tentativa de resgatar um gênero literário esquecido, dentro de sua devida esfera, como fonte de verdade e inspiração imaginativa humana.

Manuel Bandeira: Um Lírico no Auge do Modernismo – Bernardo Souto

A valorização do novo na modernidade atingiu enormes proporções nas primeiras décadas do século XX, com a eclosão das vanguardas europeias e do modernismo. Animado por uma única obsessão – a busca da originalidade e da novidade enquanto tais –, o modernismo pendeu para a simples repetição vazia do gesto da inovação pela inovação. Foi precisamente a essa tradição do novo pelo novo que o poeta brasileiro Manuel Bandeira se opôs categoricamente.

A Poesia Meditativa de Ângelo Monteiro – Bernardo Souto

A linguagem, quando é posta a serviço do falatório, perde o seu poder de lançar luz sobre a existência, tornando-se oca e ineficaz. O papel da Poesia e da Filosofia é justamente dinamitar o falatório — reino dos lugares-comuns semanticamente vazios e repletos de clichês e de expressões pré-moldadas — devolvendo às palavras seu poder de nomear e de explicar o ser.

Considerações sobre a imaginação educada de Northrop Frye – Luiz Ribeiro

Northrop Frye busca explicar a origem da imaginação do homem. Segundo ele, ela surge de um choque entre a razão e as emoções. A imaginação é a harmonia entre as duas coisas: uma vez que a razão percebe as coisas como são, e as emoções determinam se gostamos ou não delas, surge a imaginação que nos diz como gostaríamos que as coisas fossem.

A consciência do mal em Baudelaire – Tiago Barreira

A obra Fleurs du Mal (1857) de Charles Baudelaire (1821-1867) expõe um dos mistérios mais paradoxais da vida humana: o fascínio pelo Mal como fonte da atração pelo Belo. É no Mal destrutivo, perigoso e mortal que se encontra a fonte de toda voluptuosidade do Belo, ardorosamente desejada e buscada pelo ser humano. Porém, se o mundo é esse caldo indistinguível de Belo e Mal, é possível existir o Bem? Contrariamente às conclusões céticas do poeta sobre a moral, o presente ensaio propõe a sensibilidade do Bem como nascido precisamente dessa tensão dialética entre a consciência do mal e a sensibilidade da beleza.

Duas Caras e a Crise da Linguagem Gramsciana no Brasil dos anos 2000 – Tiago Barreira

  Estava revendo nesses últimos dias, para fins nostálgicos, uma das cenas mais impactantes da TV brasileira da década de 2000. A novela da Globo, Duas Caras, escrita por Aguinaldo Silva, remete a um passado não muito distante. O ano que foi lançado, em 2007, foi o auge da era PT. Lula iniciava seu segundo …