A pesquisa sobre a Cabala – Reflexões

A Cabala, ou misticismo judaico, significa "tradição". Tem uma longa história e durante séculos exerceu uma influência poderosa nos círculos do povo judeu que aspiravam a uma inteligência mais profunda de formas e representações tradicionais do Judaísmo. Acumulando vasta literatura desde a Idade Média, possui como texto central, o Zohar (Livro do Esplendor), surgido no século XIII e amplamente reconhecido como sagrado e canônico.

O Potencial Poético da Cabala

"A descoberta do imenso potencial poético da Cabala, na sua linguagem particular não menos do que nos poemas que chegaram até nós em grande quantidade – aqui constitui um campo quase inexplorado e certamente muito promissor. [...] aqueles que tiverem a sorte de fazer essas descobertas que ainda estão por vir encontrarão tesouros de uma riqueza incrível."

Paul Celan: do ser ao outro

Reprodução: Revista Purgante O poema vai na direção do outro. Ele espera juntar-se entregue e desocupado. A obra solitária do poeta escarificando a matéria preciosa das palavras é o ato de expulsar um face a face. O poema torna-se diálogo – ele é frequentemente diálogo perdido,... reencontra, caminhos de uma voz para um tu vigilante. … Continuar lendo Paul Celan: do ser ao outro

Platão e o Totalitarismo

Para muitos, sempre foi desconcertante a inclusão de Platão entre os "pais do totalitarismo", junto com Hegel e Marx, na famosa obra de Popper (1902-1994) A Sociedade Aberta e seus Inimigos (1947). Uma inclusão surpreendente e que chama a atenção por vários motivos, como o de colocar o ateniense, um dos mais elevados cumes teóricos da humanidade, em companhias tão duvidosas.

A Heresia da Individualidade

Para a psicologia moderna, o espírito é um conjunto de processos mentais, percepções, sensações e afetos. De fato, a convergência dos vários processos no ser consciente produz a ilusão da consciência do ego individual. Esta é, e não outra, a doutrina do Buda. A heresia da individualidade consiste, então, na crença no eu-substância, em ter consciência, a personalidade humana, como algo substancial e existente por si mesmo, quando nada mais é do que uma ilusão.

Liberalismo e Romantismo: Donoso Cortés

Poucos são os personagens tão representativos do romantismo político oitocentista quanto Juan Donoso Cortés (1809-1853). O pensador "extremo" da região de Extremadura esteve sempre na linha da frente do combate intelectual em defesa do que acreditava em todos os períodos da sua vida. Um homem do seu tempo, o tempo convulsivo da Europa das revoluções do século XIX, mas também um pensador de projeção universal e duradoura.

Caim e Abel

“A sociologia simbólica de Buddha, Moisés e Rousseau nos ensina, pois, que há dois tipos essenciais de civilização: uma civilização espontânea secundum natura, própria dos homens e dos povos nômades e pastores de mentalidade intuitiva, de cultura empírica e tradicional, unidos em agrupamentos naturais, os filhos de Abel..., e a outra civilização, própria dos homens e dos povos sedentários e industriais, de mentalidade reflexiva, de cultura especulativa e dialética, agrupados por um vínculo artificial sustentado pela coação política e a elaboração racional da lei, os filhos de Caim...A primeira é a civilização dos povos orientais; a segunda é a que os gregos impuseram ao Ocidente. Os gregos, cainitas típicos, criaram definitivamente a cidade e sua civilização”

Apaixonamento e Misticismo em José Ortega y Gasset

Este artigo reproduz trechos da obra "Estudos sobre o Amor" do filósofo espanhol José Ortega y Gasset (1883-1955), e uma mais difundidas do autor. Os ensaios selecionados analisam o apaixonamento humano enquanto expressão consciente direcionada ao objeto amado. A consciência apaixonada, concentrada na amada e desatenta ao mundo periférico, é definida por Ortega como maníaca (no sentido de Theia manía dado por Platão) e guarda relações muito próximas com o êxtase espiritual místico, definido como um esvaziamento da alma. Uma alma vazia mas ao mesmo tempo plena do Ser divino, uma "noite escura da alma", segundo São João da Cruz.